Papagaio Lúcio

12/07/2020

Se pudesse seria um bicho qualquer, solto pela Amazônia profunda.
Não precisaria ler nada, escutaria sim atento ao movimento dos que me alimento ou daqueles que buscam se alimentar de mim.
Namoraria poucas vezes por ano apenas com o propósito de reprodução.
Se fosse um papagaio andaria com bandos e estaria sempre acompanhado pela minha parceira inseparável.
Correria todos os dias para suprir minha necessidade de alimento e voaria muito mais apenas para vagar e não deixar rastros para meus predadores.
Livraria-me de celulares, carros, televisão, casa construída, manipulação de toda sorte.
Focaria na necessidade cotidiana, imperiosa e cheia de desafios.
Meu personagem papagaio não teria grandes diferenças comportamentais dos demais.

Mesmo com todas as pressões de presa e predador os bichos parecem ter uma vida extraordinária. A diversidade parece fazer muito sentido para todos, quando maior mais elementos se misturam nesse caldo de prosperidade da Amazônia. É como se o propósito de cada espécie fosse a de permitir a sobrevivência dos demais.

E nós por aqui ficamos embalados em prédios, comendo comida envenenada, fechando os olhos para não perceber que vamos acabar ficando avizinhados apenas pelos cachorros, gatos, galinhas, porcos e bois, os três últimos apenas para servirem de alimento.
Quanta pobreza e falta de profundidade cósmica. E irracional são os outros?
Proponho fazer um movimento "virei um bicho do mato" com todo orgulho.
Prazer, me chamo papagaio Lúcio. Me diz quem você quer ser.